Brasil e Colômbia unidos por mais mulheres negras na política

Evento foi promovido por Instituto Marielle Franco e Asociación de Mujeres Afrocolombianas e reuniu ativistas, congressistas, além de autoridades brasileiras e colombianas - Foto: Divulgação

Rio de Janeiro
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Na última quinta-feira, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, aconteceu o "Nossa força move a América Latina" na Gamboa, Região Portuária do Rio. Promovido pelo Instituto Marielle Franco (IMF) e pela Asociación de Mujeres Afrocolombianas, o encontro reuniu ativistas, congressistas, além de autoridades brasileiras e colombianas.

O Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab) — que recebeu uma emenda de mais de R$ 1,6 milhão da deputada federal Talíria Petrone (PSOL/RJ) e foi reaberto em junho deste ano — foi o palco do evento. Entre outras brasileiras presentes no ato, estavam a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT/RJ), as deputadas federais Carol Dartora (PT/PR) e Benedita da Silva (PT/RJ), a deputada estadual Renata Souza (PSOL/RJ) e a vereadora Tainá de Paula (PT/RJ).

"É uma alegria estar no Muhcab nesse dia que é tão importante para nós, mulheres negras. Tantas dores ainda chegam nos nossos corpos no país que teve quase quatro séculos de escravidão. O feminicídio ainda chega com mais força nas mulheres negras, assim como a violência obstétrica, a mortalidade materna, a sub-representação na política. Mas, ao mesmo tempo, nós somos muita potência. Essa história de dor não nos tirou da jogada. Nós estamos aqui. Nós estamos vivas. E vamos construir um futuro novo. Eu acredito muito na nossa organização, no nosso aquilombamento. A gente não anda só. Viva as mulheres negras. Viva as nossas potências", afirmou a deputada Talíria Petrone.

O movimento reforça o enfrentamento à violência política de gênero e raça, e debate os desafios à representação política de mulheres negras na América Latina.

"Eu falo como ministra e como irmã de Marielle (Franco) nesse dia que é tão marcante e em uma semana tão importante (Marielle Franco completaria 45 anos em 27 de julho). Se a gente não tiver ousadia e rebeldia, a gente não sobrevive. Quando, infelizmente, tiraram a nossa irmã de nós, eles acharam que a gente nunca teria uma mesa como a de hoje. Estamos não só celebrando esse dia, mas também precisamos permanecer vivas. O Brasil é um país que odeia mulheres como eu e como vocês. Mas é por isso que a gente vai lutar. Enquanto tiver sangue correndo nas minhas veias, a gente vai estar todos os dias honrando e celebrando a memória de Marielle Franco, mas também celebrando e honrando a memória de mulheres vivas. Se abracem, lutem e que a gente siga se fortalecendo", disse a ministra Anielle Franco, ao lado da mãe Marinete Silva, das tias Marlene e Solange, e da sobrinha Luyara Franco.

Marco político

Para a diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, Lígia Batista, apesar das barreiras a serem enfrentadas, as discussões estão avançando. A deputada federal Benedita da Silva (PT/RJ) endossou o discurso da diretora e ainda destacou que a data é um marco.

"É muito importante que nós tenhamos um evento para nos encontrarmos, porque há uma troca muito valiosa que serve também para novas políticas internacionais. Esse evento é um marco. Que juntas possamos construir um mundo melhor para nós, mulheres negras, trans, religiosas, ateias. Nós amamos a vida e não queremos que nossas mulheres sejam violentadas, assassinadas, discriminadas. Por isso, nós estamos aqui para somar nessa data", garantiu a deputada petista.

Conexão Brasil x Colômbia

Os movimentos negros na América Latina têm responsabilidade de mover as estruturas de poder com agendas voltadas para direitos, justiça e dignidade. E Brasil e Colômbia são os países com a maior porcentagem de população negra no mundo.

A realidade brasileira e colombiana não são muito distintas. Ambas são marcadas por violência, estigmatização, racismo e discriminação. Por isso, os países pretendem unir forças para mitigar a falta de políticas públicas de proteção às mulheres.

Entre as autoridades da Colômbia no evento, estavam a representante da câmara colombiana Dorina Hernández. Epsy Campbell, ex-vice presidente da República da Costa Rica, também esteve presente.